Investigações apontam que grupo atuava há mais de 20 anos na região e membros se organizavam de modo semelhante à máfia italiana; La Famiglia foi deflagrada em MG, Bahia, Ceará, Maranhão e Estados Unidos.
Por G1 Vales de Minas Gerais
Operação La Famiglia investiga organização criminosa atuando no Leste de Minas há 20 anos — Foto: Polícia Civil/Divulgação
A operação La Famiglia cumpriu na manhã desta terça-feira (20) mais de 80 mandados de busca e prisão contra 29 pessoas em Minas Gerais, Bahia, Ceará, Maranhão e ainda nos Estados Unidos. Deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a ação teve com o objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava há pelo menos 20 anos no Leste de Minas.
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Segundo as primeiras informações do Gaeco, os criminosos praticavam crimes diversos, como extorsão, corrupção ativa e passiva, concussão e homicídios por recompensa. Participavam do esquema fazendeiros, empresários, políticos, policiais militares e civis, agentes penitenciários e civis.
De acordo com o Gaeco, os criminosos se referiam à organização como “Família” ou “Irmandade”, tendo comportamento semelhante à máfia italiana. As investigações apontam que não há um líder no esquema, mas uma divisão em grupos. O “Conselho Deliberativo” era composto pelos mandantes do grupo, que contava também com outros cargos, como agenciadores, executores, apoio logístico e ainda a função dos que desviavam e obstruíam as investigações da Justiça.
Modo de ação
A corrupção e a violência são apontadas pelo Gaeco como características fundamentais da “Família”, que buscava nas alianças políticas os meios para facilitar a atuação criminosa. Os crimes eram deliberados por um colegiado, tendo como vítimas pessoas que se tornavam inconvenientes para a irmandade ou para um de seus membros por motivos diversos, como desacertos comerciais, familiares, políticos ou até infidelidade conjugal.
O grupo criminoso atuava mediante pagamento ou promessa de recompensa, utilizando emboscadas para dificultar a defesa da vítima e evitar flagrantes. As ações eram cuidadosamente planejadas, sendo calculadas até situações de erro.
Nas datas escolhidas para a prática de homicídios, o grupo se mobilizava de forma intensa, monitorando vítimas e escalas das polícias, auxiliando fuga dos executores, coagindo possíveis testemunhas e desviando o foco das investigações.