Sem acordo com os patrões processados por empregados, bens da empresa ou do empregador fazem curiosos leilões em BH
Juliana Cipriani /Estado de Minas
Num país em que as causas trabalhistas se multiplicam a cada ano, não é só dinheiro das empresas que tem sido usado para acerto de contas com os empregados. Vale apelar para caixão, gasolina, sapato, roupa e até relógio de ponto. Esses são alguns dos itens mais curiosos levados aos leilões semanais do Tribunal Regional do Trabalho – 3ª Região, em Minas Gerais que foram realizados nos últimos meses com o intuito de quitar dívidas junto a trabalhadores que processaram os patrões.
Os bens não chegam a sair da casa do empregador processado. Eles são penhorados pela Justiça para pagar as dívidas e os proprietários ficam como depositários fieis, não podendo dispor dos imóveis ou objetos. Vários apartamentos e carros caros, joias, móveis e até um helicóptero já entraram na lista dos leilões do TRT de Minas. No entanto, há casos também incomuns, como uma oferta recente de cavalos levada à venda. Entraram no leilão Gato, Forasteiro, Orgulho, Gringo e Egon – cavalos campolina de marcha batida com idades de três a 12 anos.
Calçados, da mesma forma, não faltaram nos leilões do TRT-MG. Centenas pares de sandálias, sapatilhas em couro e sapatos sociais femininos scarpin foram ofertados. Em outros lotes, houve 11 tênis da marca Nike, também para mulher, além de bolsas de couro “padrão serpente”.
afinação Em março deste ano, foram leiloadas em um único lote 12 caixões. Foram duas urnas mortuárias com visor, renda e babado, envernizadas com alças, e 10 envernizadas com babados, visor, alça dura e quatro chavetas. No mesmo mês, 3 mil litros de gasolina tipo “c” comum foram leiloados, assim como 41 mil litros de diesel aditivado.
Na “feira” de leilões do TRT, já foi oferecida uma máquina de sorvete para três sabores avaliada em R$ 35 mil. A Justiça trabalhista também colocou no prego um elevador instalado da marca Líder Elevadores, com todos os equipamentos incluídos. Escorregadores, balanço infantil e até um playground completo fazem parte da lista de bens leiloados. Ainda entre os itens curiosos colocados à venda para pagar dívidas trabalhistas estão várias carteiras escolares, equipamentos de ginástica, uma cadeira odontológica e 13 gaiolas para passarinhos.
Para os mais refinados, já foi vendido um piano Huni e Hubert Zurich antigo, entalhado em madeira e “necessitando de afinação”. Outros itens que entraram na lista foram obras de óleo sobre tela e eucatex dos artistas Cristiano Rennó (de 1990) e Marco Túlio Rcourier Nwesende (de 1987). Quando o assunto é posto de trabalho, o TRT também leiloou itens variados. Entraram nas listas relógios de ponto, catracas e estações de trabalho.
A assessoria do TRT-MG disse não ter um balanço de itens vendidos nos leilões, nem contabilizar quanto foi arrecadado nos últimos meses. De acordo com a assessoria, os leilões em Belo Horizonte são feitos para atender às 48 varas do trabalho da capital.
