Homem de 36 anos é alvo da Operação Bola de Neve, que investiga a prática de agiotagem; ele cobrava juros de 50% e retinha documentos das vítimas para garantir pagamentos.
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Segundo PC, cartões e documentos eram retidos pelo suspeito para garantir pagamento de juros extorsivos (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Mais de 200 notas promissórias foram encontradas na casa de um homem de 36 anos, investigado pela Polícia Civil de Governador Valadares pelo crime de usura, conhecido como agiotagem. O suspeito é o alvo da operação Bola de Neve, cujos resultados foram apresentados nesta segunda-feira (30); a operação ocorreu na última sexta-feira (27) com a participação da Receita Estadual.
O delegado Luciano Cunha explicou que as investigações começaram há cerca de quatro meses, quando uma das vítimas foi à delegacia denunciar que havia pegado dinheiro emprestado com o suspeito há muito tempo, e não conseguia quitar a dívida, que nunca terminava.
“Esse cidadão estaria cobrando dela juros totalmente abusivos e extorsivos de 50% ao mês. Isso virou uma bola de neve, razão pela qual demos esse nome à operação. Nós ouvimos outras pessoas e representamos ao judiciário por mandados de busca e apreensão, objetivando materializar essa ação penal; na ultima sexta-feira, demos cumprimento aos mandados em dois estabelecimentos comerciais e um na residência dele”, apontou o delegado.
As notas promissórias foram encontradas em um dos comércios do suspeito, que possui lojas de acessórios para veículos. Também foram apreendidos cartões, RG’s, CPF’s e carteiras de trabalhos, documentos que o investigado retinha das vítimas para garantir o pagamento da dívida. Foram apreendidas ainda folhas de cheque e mais de R$ 7 mil em dinheiro. Cerca de 150 vítimas são estimadas até o momento.
Atuação
Segundo o delegado, o suspeito retinha diversos cartões, inclusive de idosos, e retirava ele mesmo o dinheiro no banco. Um idoso contou à polícia que recebe benefício de R$ 937 e o homem retirava R$ 600 como pagamento e repassava o restante para a vítima, mas a dívida nunca chegava ao fim.
Luciano Cunha contou ainda que o suspeito não fazia ameaças diretas, mas deixava subentendido: “As pessoas falavam que ele deixava sempre no ar. Do tipo ‘eu preciso de receber, quando você precisou você me procurou, agora é a minha vez’. Então as pessoas já entendem que a agiotagem é uma prática de pessoas violentas e ficavam intimidadas. Inclusive, com muitas outras pessoas já tentamos contato, mas elas não estão querendo comparecer à unidade policial. Outras viram que nós estamos tentando ajudar, tiveram coragem, vieram e estão esclarecendo os fatos pra gente”.
Os diversos documentos apreendidos estão com a Polícia Civil, mas o delegado pediu que as pessoas que tomaram dinheiro emprestado com o suspeito procurem a Delegacia para reaver seus pertences.
Prisão
Apesar da operação contar apenas com mandados de busca e apreensão, o suspeito foi preso na sexta-feira pelo crime de furto de energia elétrica. Ao chegarem na casa dele, os policiais desconfiaram do valor da conta de luz da casa e chamaram um técnico da Cemig, que confirmou uma ligação clandestina, conhecida popularmente como “gato”.
O homem foi preso, mas liberado após o pagamento de fiança. De acordo com o PC, as investigações continuam, mas ele pode responder em liberdade devido ao crime investigado ser considerado de menor potencial ofensivo.