Batida com seis mortes na 040 volta a chamar a atenção para acidentes com ônibus. Este ano, ao menos 595 pessoas se feriram em 352 ocorrências nas BRs de Minas. Houve 16 óbitos.
O passeio para o dia na praia começou na noite de sábado, por volta das 22h, quando um grupo de turistas deixou Belo Horizonte com destino ao Rio de Janeiro. A viagem foi em um ônibus contratado exclusivamente para os 46 passageiros, que depois de um dia de diversão nas areias de Copacabana retornavam à capital mineira na noite do domingo. A volta para casa, porém, foi marcada por um acidente que tirou a vida de quatro dos turistas, além de matar o motorista do ônibus e o condutor de um caminhão, que seguia pela rodovia. Por volta das 23h, o coletivo da empresa JRV, de Belo Horizonte, foi atingido pelo caminhão-baú carregado de biscoitos e teve a frente esmagada. O motorista do veículo de carga perdeu o controle na curva do km 764 da BR–040. O caminhão formou um L, tombou na pista e invadiu a contramão. À exceção de dois passageiros, os 40 demais sobreviventes ficaram feridos, sete deles presos às ferragens do ônibus. O acidente chama a atenção para a violência desse tipo de ocorrência, que, somente este ano, deixou pelo menos 595 feridos e 16 mortos nas rodovias federais que cortam Minas.
Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Pela própria característica dos veículos, que carregam um grande número de passageiros, os ônibus acabam somando um grande número de vítimas. E, apesar de a maior parte da frota contar com cinto de segurança e os motoristas instruírem os passageiros a usá-lo, ainda há muita negligência em relação ao equipamento”, avalia o assessor de comunicação da PRF, inspetor Aristides Júnior. Ele lembra, no entanto, que o cinto do ônibus, por ser apenas de duas pontas e não prender o passageiro pelo tronco, evita que o ocupante seja arremessado para fora e corra o risco de ser esmagado pelo veículo, mas não previne ferimentos.
O policial lembra que, como no acidente de domingo, boa parte das ocorrências envolvendo os coletivos tem participação de caminhões e ocorre durante a madrugada. “É geralmente quando os ônibus viajam e, à exceção de feriados, há poucos carros de passeio transitando em rodovias nesse horário.” Ele também alerta para o perigo do transporte clandestino de passageiros, que têm engrossado estatísticas de acidentes. “O passageiro acha que faz uma economia pagando um pouco menos, mas expõe a vida dele ao risco de não saber a origem da empresa, se o motorista tem treinamento ou não, se o veículo está em boas condições de uso e manutenção, entre outros perigos na estrada”, ressalta. Para ele, empresas formalizadas têm investido em segurança e adotado medidas como controle de velocidade e de jornada de motoristas.
Para o consultor em transporte e trânsito Osias Batista, os acidentes com ônibus sempre têm “alta periculosade” e “os riscos devem ser sempre evitados”. Ele alerta que passageiros devem usar sempre cinto e empresas precisam ser rigorosas com treinamento e controle de jornada. Sobre motoristas de caminhões e carretas, Batista diz que a realização de exames toxicológicos tem mostrado resultados e deve ser mantida e ampliada.
Batida entre ônibus e carreta na BR-040