Marcos Lima dos Santos morreu após ser atingido por caminhão na BR-153. Pouco antes, ele deixou o quarto em que Geane de Oliveira foi encontrada morta.
Por Paula Resende, G1 GO
A Polícia Civil não tem dúvidas de que o ciclista Marcos Lima dos Santos, de 38 anos, causou o acidente que o matou na BR-153, em Goiânia, mas o inquérito ainda não está encerrado porque depende de um laudo. O homem é suspeito de matar, horas antes, a amante em um hotel da capital.
“Aguardamos o laudo da perícia do local do acidente, mas não deve alterar em nada, não temos dúvidas que ele deu causa ao acidente e veio a falecer”, disse nesta segunda-feira (25) a delegada Nilda Andrade, titular da Delegacia Estadual de Investigações de Crimes de Trânsito (Dict).
Marcos morreu no dia 17, após ser atingido por um caminhão na rodovia. Em depoimento, o caminhoneiro disse que o ciclista, que trafegava pela contramação, mudou de pista bruscamente. O motorista alega que tentou desviar, mas não houve tempo hábil.
Feminicídio
Marcos morreu logo depois de deixar um hotel no Setor Universitário, em Goiânia. Ao sair do local, o ciclista disse à recepcionista que a “namorada estava cansada e que ficaria dormindo até o final da diária”. Quando o período terminou, funcionários entraram no quarto e encontraram Geane Silva de Oliveira, de 32 anos, morta.
A morte de Geane é investigada pela delegada Magda D’Ávila, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH). Segundo a polícia, a vítima tinha um relacionamento extraconjugal com Marcos e foi encontrada com perfurações no corpo.
O ciclista deixou no quarto do hotel uma carta para a mulher dele, identificada apenas como Sônia. No texto, ele pede desculpas e afirma que o crime ocorreu após “uma briga muito feia” com a amante.
Marcos ainda escreveu uma declaração de amor para Geane na parede do quarto de hotel. Na mensagem, ele afirmou que o relacionamento durou um ano: ‘amor te amo, amante fiel’.
A delegada não tem dúvida que se trata de um feminicídio. “Ela mantinha um relacionamento há um ano com ele, extraconjugal, e outros fatos que confirmam são a carta e o recado na parede. Certamente, ela tentou terminar o relacionamento com ele no hotel, e ele não aceitou”, afirmou Magda.
Investigação da morte de Geane
O dono do hotel foi o primeiro a prestar depoimento e disse que o casal chegou ao local no sábado (17). “Ele disse que ele chegou no sábado as 10h, reservou o hotel, ficou ali na recepção meio atordoado, saiu e voltou com ela, disse que ela estava normal, ou seja, chegou no hotel por livre e espontânea vontade”, contou.
A delegada disse que tentou contato com a mulher do suspeito, mas ainda não conseguiu. Ela aguarda o retorno de Sônia para Goiânia para colher seu depoimento. Magda também quer ouvir o marido de Geane, que está no Pará, onde a mulher foi enterrada.
“O intuito é pegar mais informações para entender como era o relacionamento dos dois e configurar, de fato, o feminicídio”, pontua.
Outras testemunhas ligadas ao dois também serão ouvidas nesta semana. Além disso, a delegada aguarda os laudos periciais para poder concluir o inquérito, pois há a suspeita que Geane tenha sido envenenada, apesar de ter sido encontrada com cortes pelo corpo.