Mandado de prisão temporária foi cumprido contra os irmãos Leocir Braz Pretti e Jacimar Pretti. Segundo o delegado, os dois estavam aliciando e ameaçando testemunhas.
Por Viviane Machado, G1 ES
Os irmãos Leocir Braz Pretti e Jacimar Pretti, donos da empresa responsável pela carreta que causou o acidente que deixou 23 mortos na BR-101, em Guarapari, foram presos na quarta-feira (23) e na quinta-feira (24), no Espírito Santo.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Alberto Roque, os mandados das prisões foram expedidos pela Justiça de Guarapari, porque os irmãos estavam atrapalhando as investigações e ameaçando e aliciando testemunhas.
“Um dia antes do depoimento, uma testemunha foi orientada pelo Leoecir e pelo Jacimar, a omitir os fatos acerca do excesso de peso e as orientações para fugir da fiscalização. Nesse depoimento, ela nos confidenciou que ele não foi só aliciado, foi coagido, se sentiu ameaçado pelos irmãos, que disseram que caso ele não mentisse na delegacia, seria mandado embora. Numa época de crise, a pessoa perder o emprego é uma grave ameaça. De posse disso, eu entendi que aquela testemunha não era autora de crime de falso testemunho, mas sim vítima de coação”, afirmou o delegado.
O depoimento do funcionário de Leocir e Jacimar foi gravado em um vídeo, divulgado pela polícia nesta sexta-feira (25). Nas imagens, ele aparece dizendo que foi obrigado a mentir para não perder o emprego.
Áudios mostram que problemas continuaram
A polícia teve acesso a conversas em que os donos da Jamarle Transportes confirmam que as carretas da empresa andam com carga acima do peso permitido, que as viagens são feitas com veículos com problemas nos pneus e orientações para que os funcionários fugissem da fiscalização. Os registros foram feitos depois que o acidente aconteceu.
Prisão
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (Sesp), havia um mandado de prisão temporária contra os dois proprietários da Jamarle Transportes. Leocir foi preso na quarta-feira (23) em Baixo Guandu e o Jacimar se apresentou na quinta-feira (24), na delegacia regional de Colatina.
“Nós vamos pedir agora a prorrogação dessa prisão temporária, que é de 5 dias, para semana que vem interrogarmos os dois em Colatina e ouvirmos as demais testemunhas. Agora, sem risco de testemunhas serem aliciadas ou ameaçadas”, completou o delegado.
O delegado explicou ainda que, mesmo depois do acidente, os donos da empresa continuaram operando com irregularidades. “A neglicência era reiterada, era muito forte e foi a causa do acidente. O que ficou provado é que eles sabiam disso, tinham o domínio de mudar essa situação e pouco se importavam com isso. Ou seja, eles não queriam o resultado, mas se ocorresse eles não se importavam. Tanto que depois do fato (o acidente) eles continuaram fazendo as mesmas coisas”.