Resultado de exame toxicológico comprovou que Atyla Arruda Barbosa, de 20 anos, havia ingerido diversas substâncias tóxicas e, além disso, estava embriagada.
Por Andressa Barboza, G1 Santos
Atyla Arruda Barbosa, de 20 anos, foi achada morta em praia de Mongaguá (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
O resultado do exame toxicológico realizado em Atyla Arruda Barbosa, de 20 anos, comprovou que a jovem, que estava grávida, foi dopada horas antes de morrer em uma praia de Mongaguá, no litoral de São Paulo, em julho deste ano. A Polícia Civil trabalhava com a hipótese de ela ter sido vítima de um afogamento acidental, mas concluiu que a menina foi morta pelos próprios patrões após ser descoberto que ela tinha em seu nome um seguro de vida no valor de R$ 260 mil.
Os documentos obtidos pelo G1 comprovam que Atyla, antes de morrer, ingeriu várias substâncias de uso controlado, além de apontarem para uma quantidade excessiva de álcool no sangue. De acordo com a advogada da família de Atyla, Patrícia Vega, o exame comprovou que o casal Sergio Ricardo Re da Mota, de 47 anos, e Simone Melo Koszegi, de 41, envenenaram Atyla antes de levá-la à praia, onde ela foi encontrada morta.
“As subtâncias encontradas no exame são de medicamentos para epilepsia e antidepressivos. Segundo apuramos, são quatro tipos de medicamentos diferentes que só podem ser comprados nas farmácias com receita azul, de controle especial”, explica a advogada, que também estranhou a quantidade de álcool encontrada no sangue da garota que, segundo familiares, não bebia.
O que se sabe sobre o caso
- Corpo da jovem foi encontrado em uma praia de Mongaguá no dia em 3 de julho.
- Patrões da jovem se apresentaram como padrinhos da vítima na delegacia.
- Empresa procurou a polícia e afirmou que a jovem tinha um seguro no valor de R$ 260 mil.
- Investigadores acreditam que que Atyla foi morta propositalmente.
- Investigação chegou ao casal, patrões de Atyla, e concluiu que os dois mataram a jovem.
- Casal foi preso em casa e caderno com rascunhos do que seria dito à polícia foi achado.
- Atyla estava grávida do próprio patrão.
- Objetos ligados à magia negra e satanismo foram encontrados na casa do casal.
- Principal suspeita da polícia é que Atyla tenha desistido de participar da seita.
- IML constatou que havia substância incomum na boca de Atyla.
Após três meses da morte de Atyla, para a família, ainda é difícil acreditar no que aconteceu. O pai da menina, Ires Barbosa da Rocha, de 41 anos, conta que todos tentam seguir a vida, mesmo com dificuldades. “É difícil pensar que um ser humano que conviveu mais de seis meses com a minha filha teve coragem de fazer uma coisa dessa”, conta.
A polícia agora busca concluir o inquérito e indiciar o casal por homicídio duplamente qualificado, de acordo com o delegado responsável pelo caso, Ruy de Mattos. “No exame constatou-se embriaguez, dando concentração de 0,5 g/l, muito mais do que é permitido em uma blitz, por exemplo, e constatou-se a ingestão de várias substâncias tóxicas. A Atyla não tomava remédios e nem bebia, então acreditamos que ela tenha sido induzida ou obrigada a tomar tudo isso”, explica.
A equipe de investigação fez o caminho da casa do casal até a praia onde eles disseram ter ido com Atyla, onde a menina se afogou. “O caminho deu mais de mil metros, seria impossível para ela, dopada, ter percorrido esse caminho a pé. Tudo leva a crer que eles levaram ela até lá e a afogaram. Por isso serão indiciados por homicídio duplamente qualificado, que caracteriza motivo torpe e sem possibilidade de defesa à vítima”, concluiu o delegado.
Magia negra e satanismo
Simone e Sergio foram presos em 17 de agosto, após o pedido de prisão preventiva ser acatado pela Justiça. Em depoimento, a mulher disse ser madrinha de Atyla, e que os pais a haviam abandonado. O fato foi desmentido por Selmair Arruda de Moraes, de 44 anos, mãe da jovem, quando chegou à cidade litorânea em busca da filha, 20 dias após perder o contato com ela.
Inicialmente, ela faria boletim de ocorrência por cárcere privado, mas foi surpreendida ao saber da morte da filha. Foi descoberto que três pessoas, não identificadas, foram ao enterro da jovem, que teve na lápide a declaração ‘te amo’ escrita. “Acreditamos que isso tenha sido usado para despistar o crime. Por isso, anexamos fotos ao processo e vamos usá-las”, explicou a advogada.
Também foram descobertos perfis no Facebook indicando o envolvimento do casal em rituais de magia negra e satanismo. Eles ofereciam pactos de adoração a Lúcifer, em troca de “poder” e “status”, aparecendo em roupas pretas, ao lado de velas, pentagramas e até mesmo dentro de cemitérios. Na residência, havia imagens e altares de ‘adoração’ a Lúcifer.
Morte de jovem em Mongaguá (SP) pode ter ligação com ritual satânico — Foto: Montagem/G1 Santos