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Dados de georreferenciamento do Google, obtidos dos telefones de usuários que mantêm o histórico de localização ativado, indicam que o isolamento social perdeu força no país ao longo da segunda série de medições semanais.
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Entre 16 de fevereiro e 29 de março, o Google registrava no Brasil crescimento médio de 17% de permanência das pessoas em suas residências em relação ao comportamento mediano verificado em janeiro deste ano. Uma semana depois, contudo, o mais recente relatório divulgado pelo Google relativo ao período compreendido entre 23 de fevereiro e 5 de abril, a presença dos usuários nos domicílios caía dois pontos percentuais.
Ao mesmo tempo, a presença das pessoas em locais de trabalho, que na primeira medição marcava queda de 34% em relação a janeiro, na segunda medição da semana seguinte marcava redução de apenas 30% em relação a janeiro, portanto, crescimento de 4 pontos percentuais na circulação.
As informações do Google foram analisadas pela demógrafa Luciana Lima e o engenheiro de computação Ivanovitch Silva, professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e por Gisliany Alves, mestre em engenharia elétrica e de computação.
O grupo integra o Observatório Social da COVID-19, recém-criado pelo Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais.
O Google está acompanhando as tendências de circulação de pessoas em 131 países e regiões do mundo. Os dados são armazenados em bancos agregados, com registros de localização anônimos e são comparados à linha de base – ou ponto de partida para a comparação – definida a partir da distribuição mediana dos dados coletados ao longo do período compreendido entre 3 de janeiro e 6 de fevereiro de 2020, quando não havia nenhum tipo de restrição à circulação das pessoas.
Os dados vêm sendo coletados diariamente e à medida que uma nova série semanal de dados é processada, os dados da semana mais antiga são excluídos da análise.
De acordo com Luciana Lima, o Google classifica as tendências de circulação em seis grupos: espaços de recreação (shoppings, restaurantes, livrarias); supermercados e farmácias; áreas de lazer (parques, praias, jardins e praças públicas); pontos de embarque e desembarque de passageiros; locais de trabalho; e os domicílios dos usuários.
Segundo a demógrafa, em 21 dos estados brasileiros mais o Distrito Federal verificou-se a tendência de menor presença de pessoas em suas residências do que estavam na semana anterior. Ao mesmo tempo, considerou ela, entre as duas medições do Google, houve maior frequência de circulação nos locais de trabalho.
Os únicos estados que mantiveram entre as duas semanas o mesmo percentual de permanência nas residências foram o Amapá, Pará, Amazonas e o Espírito Santo. No Maranhão, a permanência nas residências aumentou um ponto percentual entre as duas medições; mas, ao mesmo tempo, houve maior circulação nos locais de trabalho e pontos de ônibus.
Minas Gerais, que no domingo de 29 de março registrava aumento médio de 15% de permanência de usuários em suas respectivas casas em relação a janeiro, no domingo seguinte de 4 de abril, passou a 13%, portanto, redução de 2 pontos percentuais na presença nos domicílios.
Enquanto na medição de 29 de março os mineiros registravam em relação a janeiro queda de 66% de circulação em shoppings, restaurantes e espaços de lazer; na semana de 4 de abril, houve aumento de circulação de 4 pontos percentuais nesse grupo de estabelecimentos.
Já a circulação em farmácias, supermercados e sacolões, que havia na primeira medição registrado queda de 29% em relação a janeiro; passou a registrar redução de apenas 19%, aumento de circulação de 10 pontos percentuais.
Houve igualmente, em Minas, maior circulação nos pontos de ônibus: registravam na primeira medição retração na circulação de 57% em relação à linha de base; na segunda medição, essa retração passou a 52%, portanto, incremento na movimentação de 5 pontos percentuais entre as duas semanas.
Adesão
Enquanto Santa Catarina é o estado brasileiro que mais adere ao distanciamento social; os de estados de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins e Acre são aqueles que apresentam maior nível de circulação de pessoas. “Na primeira medição dos dados do Google, o Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram os maiores percentuais de aumento dos registros em residências, com valores da ordem de 20% em relação à linha de base”, afirma Luciana Lima.
Já no segundo relatório, esse patamar baixou para 18%, e inclusive com três unidades da Federação apresentando percentuais abaixo de dois dígitos, como os estados de Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, que apresentaram valores iguais a 9%.
Quando comparada à adesão ao isolamento social por regiões do Brasil, a Região Sul é aquela que apresenta menor nível de circulação de pessoas nos grupos de atividades avaliados pelo Google. Em seguida, está a Região Sudeste. A Região Centro-Oeste é aquela que apresenta a menor adesão à política destinada a reduzir a velocidade de disseminação da COVID-19.
Em Minas Gerais
O estado mineiro, que no domingo de 29 de março registrava aumento médio de 15% de permanência de usuários em suas respectivas casas em relação a janeiro, no domingo seguinte, 4 de abril, passou a 13%.