No mês em que se celebra a importância do aleitamento materno, mulheres relatam as alegrias e os obstáculos da amamentação prolongada
Gazeta Online/Guilherme Sillva
A amamentação está presente na vida da médica Maria Elizabeth Bonadiman, de 38 anos, há cinco anos. E, como ela é adepta a prolongar o ato, quando a Maria Fernanda, filha mais nova, de apenas um mês, decidir parar, provavelmente serão nove anos seguidos amamentando. Ela também é mãe de João Paulo, 5 anos, e Alice, 2 anos e nove meses. “No começo da amamentação do João foi difícil, porque era tudo novo. Quando ele chorava me dava um desespero, a gente acha que nunca tem leite suficiente. Na gravidez da Alice, a minha filha do meio, amamentei o João. E depois emendei com ela, o que já foi mais tranquilo. Em resumo, não parei de amamentar entre as gestações. E hoje as meninas mamam na hora que querem”, conta.
Beth conta que, aos olhos das pessoas, a decisão pode parecer estranha. Mas não é. “Amamentar tantos anos seguidos pode parecer uma loucura, mas ficou tão dentro da rotina que não sinto uma diferença”. Como Alice já frequenta a escola e tem outras atividades, ela costuma mamar mais à noite, para dormir. “Como está maior, não pede o tempo todo”.
A decisão de prolongar a amamentação – o mais velho foi até os quatro anos – veio com sua formação acadêmica, onde o aleitamento materno foi uma das principais bandeiras defendidas. “Também optei em amamentar em regime de livre demanda, não tem tempo determinado. A amamentação prolongada é recomendada até os dois anos. Com o João aconteceu uma conversa ao longo de vários meses. Eu já estava grávida da terceira filha e ele entendeu que podia parar. Foi bem natural”, afirma.
Mas com a chegada da caçula até teve um ‘ensaio’ de João Paulo querer retornar ao peito. “Eles realmente tendem a dar uma regredida, e eu deixei. Mas isso durou pouco”. Assim como o irmão, Alice e Maria Fernanda também decidirão a hora de parar. “Vai demorar um pouco ainda. Alice, que é a minha filha do meio, está superapegada”, conta, sempre muito tranquila.
A rotina da vida da mãe, claro, também mudou. “O sono fica em segundo plano”, confessa. E como voltará a trabalhar em breve, poderá usar as experiências anteriores. “Quando chegar do trabalho a mais nova ficará no peito para descansar e aproveitar o tempo que não ficou durante o dia. Também deixarei mamadeiras com o leite materno à disposição”. A médica conta que tudo só dá certo porque tem a parceria do marido, e que essa maratona não afeta a relação do casal. “A vida fica estagnada mesmo. Já deixei de fazer uma viagem com meu marido porque o João mamava. Às vezes a mais nova até dorme na cama com a gente. O meu esposo é muito parceiro, se não fosse ele não funcionaria”, ressalta.
Assim como as outras mães da nossa matéria, Maria Elizabeth também já foi questionada sobre sua decisão de prolongar o tempo de amamentação, mas costuma responder a questão mostrando os benefícios desta escolha. E não se arrepende delas. “Confesso que, às vezes, fico cansada, mas é reconfortante olhar pra eles e ver o quanto estão felizes e saudáveis”.