Seu Zé Barateira tinha um diferencial na comunicação com o público, a comunicação era ao vivo, ele mesmo fazia (na televisão temos um jargão que diz: quem sabe faz ao vivo), enquanto ele rodava com a rural pelas ruas ia narrando os acontecimentos que via e chamava as pessoas pelo nome e falava fulano passa lá na BARATEIRA, vem me visitar, tomar um café, vê as novidades, conferi nossos preços baixos.
A FAMÍLIA BARATEIRA
Por Neto Mendes
No dicionário BARATEIRA pode ser substantivo feminino e singular feminino de BARATEIRO. BARATEIRO é adjetivo é substantivo masculino; que ou aquele que vende barato; e aquele que gosta de comprar barato.
Está aí a receita do seu Zé Barateira que era o maior marqueteiro dos anos 60 em Mantena inclusive o nome da família Franco Barros mudou para Barateira: Flavio Barateira, Lucio Barateira, Geraldo Barateira, Gilberto Barateira, Reinaldo Barateira marketing melhor pro negócio não tem a própria família carrega para todos lugares a Barateira.
Com sabedoria e criatividade já incutia nas mentes dos consumidores o sentido do seu comércio vender barato para vender muito. Seu Zé Barateira se hoje estivesse vivo com o faro e a visão que tinha estaria dando um banho nos concorrentes……como sempre fez.
Aos sábados em frente a loja era uma concentração de pessoas absurda, ele promovia liquidação e sorteios de brindes como bicicletas, máquinas de costura, bolas…. A loja Barateira ficava na principal Rua de Mantena onde muitas pessoas tinham que necessariamente passar para ir na Vila Nova ou sair de Mantena em direção a Central, São João, Ariranha , Mantenópolis a tantos outros lugares.
A loja virou referência e atração principalmente aos sábados
O Palmerindo e sua sanfona era a grande estrela desse marquete, desse grande espetáculo, sim porque era um show, com calouros, palhaços, contadores de piadas, todos os sábado na boca miúda da cidade corria a propaganda boca a boca vamos lá na Barateira, hoje é sábado, hoje tem show, já passou lá?
Aqui vale um registro Palmerindo era um exímio sanfoneiro do Contestado segundo alguns ele era o Correios da época, como um grande repentista mineiro, um improvisador de alta estima, rimava na sanfona as notícias dos acontecidos na zona do Contestado, historias cheias de vidas e de mortes nos povoado por onde tocava em festas, casamentos, batizados e bailes, os seus acordes eram respeitados, ele era o noticiador levava e trazia notícias numa época de ouro nos anos 60.
A região do Contestado fervilhava de gente, com mais de 300 mil habitantes e Mantena era a meca do Contestado, tudo passava por Mantena, foi nesse cenário que a loja A Barateira teve seu ápice na cultura do comércio varejista, tinha liquidação e promoção de 30 dias seguidos, seu Zé dizia nas faixas estampadas na frente da loja que era uma grande fogueira, aproveitem a queima do estoque, assim anunciava as promoções principalmente nas datas de aniversário da loja…
O maior comunicador que Mantena já viu …
Seu Zé Barateira era um comunicador nato, antes de Silvio Santos e Chacrinha, nem televisão existia na época em Mantena e muito menos o Chacrinha e o Silvio Santos. Seu Zé Barateira tinha uma rural com alto-falantes em cima e ia nas cidades, distritos vizinhos tanto no Espírito Santo como de Minas anunciando as promoções ele trazia os pomeranos para comprar virando um atrativo a mais para o negócio lembra meu irmão Geraldo Alvim, a loja ficava uma confusão só, virava uma torre de babel.
Seu Zé Barateira tinha um diferencial na comunicação com o público, a comunicação era ao vivo ele mesmo fazia (na televisão temos um jargão que diz: quem sabe faz ao vivo), enquanto ele rodava com a rural pelas ruas ia narrando os acontecimentos que via e chamava as pessoas pelo nome e falava fulano passa lá na BARATEIRA, vem me visitar, tomar um café, vê as novidades, conferi nossos preços baixos.
Dizem que quando passava na frente dos concorrentes e via que tinha alguma pessoas comprando cobertores ou outra coisa que ele vendia também falava no alto-falantes que na Barateira aquelas peças, era mais baratas.
Os filhos do Barateira ajudavam na loja e também gostavam de musica, Geraldo Barateira lembra que seu pai, seu Zé Barateira quando jovem tinha uma banda em Matipó MG e tocava violão e cavaquinho, “ele ensinou a gente tocar e os filhos formaram uma banda que se chamava Belga animavam os bailes e festa da juventude transviada do Mantena e redondeza, eu só fiquei nas serenatas para as meninas não fiz parte da banda” conta Geraldo.
A família Barateira eram ilustres moradores da Rua do Café, eles estavam misturada na vida social e comercial do Mantena e Mantena estava misturada na família dos Barateiras, seja na escola, na quadra, na Tia Rosa, no jardim, na igreja, na pelada, na rua, no clube, na música nesses lugares não tinha um Franco Barros tinha só Barateiras.
Outras matérias
Na Rua do Café em Mantena, quem bebeu bebeu! Quem não bebeu não bebe mais! Por Neto Mendes